Ela até podia ouvir e aceitar
isso como um fato, mas, nunca, como um impedimento.
Assim os filmes que eu mais amo,
que são as histórias mais lúdicas, vão moldando meu olhar sobre a vida. O conceito
da Jornada do Herói criado por Joseph Campbell (vale a pena ler sobre esse
cara, estudioso norte-americano de mitologia e religião comparada) é utilizado
em roteiros de cinema, seriados e, também, dentro das empresas como ferramenta
de motivação e organização de metas.
Depois de ler um pouco sobre ele
e sua obra fiquei colecionando meus heróis, que tiveram sua jornada roteirizada
conforme Campbell, e entre alguns deles estarão sempre: Amélie Poulain (da foto acima), Mary Poppins, Walt Disney, Harry
Potter - nesse caso sua criadora também: J.K. Rowling – que maluca deve ser a
cabeça dela para desenvolver uma história tão rica em detalhes - e falando em
gente maluca -: Alice (seja no país das maravilhas ou através do espelho). Tim
Burton e sua sombria magia e tantos outros.
A Jornada de um Herói começa e
termina no mundo normal onde ele vive. Mas sua missão se passa em um mundo
“especial”. Ao longo do caminho alguns eventos são decisivos: acontece algo que
muda completamente o planejado, recebe uma mensagem, um incidente, uma separação,
uma mudança. Nesse momento ele não tem muita escolha e cruza o portal. Sai do
seu lar seguro e “normal”. E todos os 12 passos da Jornada do Herói descritos
por Campbell começam a acontecer e ao final ele retorna para o mundo “normal” e
algumas vezes volta com poderes para ajudar a todos, mas, todas às vezes,
retorna melhor do que era antes. Assim é um filme. Onde nós, humanos,
refletimos sobre nosso mundo e nossas vidas através de histórias simbólicas.
“No mundo da vida”, como dizia um
professor, não combatemos Lord Voldemort. Mas precisamos rotineiramente
enfrentar problemas tão assustadores quanto. Mas o que não raciocinamos sobre,
é que todos os nossos monstros encontram-se em um mundo “especial”. Nunca é
fora daqui. A batalha parece ser aberta e contra nossos maiores fantasmas: os
outros. Mas, na verdade, nunca é. Sempre, lhe garanto, estão dentro de nós:
pairando na nossa mente como fumaça espessa ou pesando feito chumbo no nosso
coração. A solução, sempre, está aqui dentro também. É preciso cruzar o portal
– e não vou colocar mais nada entre aspas pois nada aqui tem sentido figurado:
tudo é real! – e adentrar nesse novo mundo. Enfrentar os traumas, eliminar ou
substituir crenças, perdoar as pessoas, perdoar a si mesmo, limpar as memórias,
para poder voltar ao campo onde estamos vivendo e: reviver.
Mas, e se for doença? Embora não
se descartem as possibilidades de alteração biológica do estado de saúde de um
ser (o que pode acontecer, por óbvio), ainda sim, elimina-se essa enfermidade
através dessa viagem ao nosso interior. Acessando esse mundo especial e nos
conectando com algo maior que está à disposição para nos auxiliar, aqui, neste
nosso mundo comum.
Umas das maneiras de fazer isso é
com as leituras dos registros akashicos.
Com elas eu aprendi a “caminhar
no escuro sem ter medo”- e aqui é em sentido figurado -, pois nunca tive medo
do escuro quando o interruptor desliga, mas, sempre tive medo da claridade, de
me expor a lugares, pessoas, sentimentos, acontecimentos. As leituras me levam
a lugares. Me conectam com mentores, com pessoas que esperam que eu me apresente
para que elas possam me ajudar. Mas o principal de tudo isso é que as leituras
me conectam comigo mesma de uma forma muito significativa que não cabe aqui. É
esclarecedora e ao mesmo tempo te coloca a refletir profundamente. Eu aprendi
muito com esses momentos e aprenderei enquanto eu viver. Pois a Jornada de um
Herói não termina quando acaba.
“Na caverna que você tem medo de
entrar está o tesouro que você busca.” (Joseph Campbell).
Março/17.